Galeria de Arte Le Varlet – Genebra

A Galerie Le Varlet ocupava um imóvel solene do século XVIII, de quatro andares e fachada clara de linhas barrocas, que sobressaía quase no centro da place de la Fusterie, praticamente tomada por prédios modernos. Quatro vitrines ladeavam o portal de entrada, sendo que três delas ostentavam painéis com desenhos dos rostos de alguns artistas presentes à mostra como Cézanne, Braque, Magritte, Kandinsky e Miró. Na outra, repousava solitária uma pintura a óleo do barão Von Kessel, retratando‑o altivo e sorridente, de pé com a mão direita pousada no espaldar dourado de uma cadeira alta. (…)


Araci e Bartô entraram na galeria por um resplandecente vestíbulo de piso de mármore claro e paredes revestidas nas bordas de mármore rosa, onde duas lindas moças de terninho recolhiam os convites e distribuíam os catálogos com o roteiro da exposição. O único móvel ali era um aparador francês do século XIX, acima do qual reluzia, presa à parede, uma placa de bronze comemorativa à inauguração da galeria. Do vestíbulo passava‑se diretamente ao luxuoso salão principal do térreo, um delírio para olhares sensíveis.  Colunas cilíndricas de mármore rosa erguiam‑se do piso de mármore rosso com detalhes em ônix, enfileiradas do portal do vestíbulo até a escadaria que, por sinal, era uma atração à parte: seus degraus em mármore e corrimões trabalhados em ferro forjado e banhados a ouro faziam dela uma indiscutível obra de arte. (…)

Um grande burburinho ressonava no ambiente. As fragrâncias parisienses juntavam‑se ao cheiro de fumo queimado de quem até há poucos instantes estava com um cigarro ou um charuto na mão. O tilintar do cristal dos copos de uísque e vodca, taças de vinho tinto e flûtes de champanhe somava‑se ao som difuso do falatório dos convidados, entremeado por risos e cumprimentos cordiais. (…)

Trecho de O VÉU em que os protagonistas Araci Quintanilha e Bartô Saraiva chegam à inauguração da mostra da Coleção Von Kessel, numa galeria em Genebra.

Araci Quintanilha em Genebra

Era a entrada do verão. Genebra estava divina, emoldurada por um céu azul-turquesa límpido e arrebatador. A cidade reluzia em todo seu discreto esplendor, alegre, radiosa, trepidante e ostentando uma atmosfera de celebração pela chegada da bela estação. (…)

Quieta ao lado de Bartô no banco traseiro da Mercedes-Benz alugada, Araci contemplava as bandeiras tremulando ao sabor do vento de 18ºC dos dois lados da ponte du Mont-Blanc sobre o rio Ródano, enquanto o motorista, cortês e poliglota, guiava o carro com elegância em direção à galeria de Ulrich Wachtel, situada na movimentada Place de la Fusterie. Faltava pouco para as dezenove horas, mas ainda era dia claro. Araci mal conseguia acreditar que estava na Suíça, a salvo dos terroristas que a ameaçavam no Rio de Janeiro e, o que era mais impressionante, a poucos minutos de desvendar o esplendor da Coleção Von Kessel. (…)

Trecho da primeira cena em Genebra (Suíça), dos protagonistas Araci Quintanilha e Bartô Saraiva,  na abertura da terceira parte de  O VÉU.

Edney Silvestre entrevista Luis Eduardo Matta no Espaço Aberto Literatura

Luis Eduardo Matta (à esq.) foi um dos entrevistados de Edney Silvestre, no Espaço Aberto Literatura de 19 de fevereiro de 2010, na GloboNews. Entre os assuntos abordados, literatura de entretenimento e o thriller no Brasil. Matta discorreu, ainda, sobre o seu sétimo livro, O VÉU – um thriller de mistério, publicado pela Primavera Editorial, no qual os bastidores do rico mercado de arte se cruzam com as sórdidas entranhas da turbulenta política do Irã. Felipe Pena, jornalista, professor da Universidade Federal Fluminense, doutor em literatura pela PUC-Rio e pós-doutor em semiologia pela Sorbonne, também participou do descontraído bate-papo com Edney Silvestre, gravado na Livraria da Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro.

Em O VÉU, a narrativa eletrizante de Luis Eduardo Matta leva o leitor a “cenários” distintos como Rio de Janeiro, Teerã e Genebra. O ponto de partida é o leilão, no Brasil, de uma misteriosa tela a óleo, chamada “O Véu”. Condenado por lideranças muçulmanas por retratar uma mulher seminua usando o véu islâmico, o quadro tem uma trajetória marcada por sucesso, polêmica, intriga e tragédia. Diversas pessoas tiveram a morte associada à obra – inclusive o pintor, Lourenço Monte Mor. Resultado de minuciosa pesquisa sobre o Irã e o mercado de arte, O VÉU é uma obra atual, que transpôs para a ficção a história recente de um país marcado pela polêmica. O autor, inclusive, aborda as eleições presidenciais iranianas realizadas em junho de 2009.

A cada edição, o Espaço Aberto Literatura recebe nomes consagrados e novos talentos da literatura nacional e estrangeira; um espaço nobre que reúne escritores, poetas, ensaístas e tradutores.

A entrevista está disponível no site da Globonews. Para assistir, é só clicar aqui.