Araci Quintanilha sentiu uma onda quente de alívio envolver seu corpo quando, enfim, parou o carro diante do muro baixo da casa de Lourenço Monte Mor, de frente para a praia. (…) Só mesmo o carinho por Lourenço, sobrinho a quem amava como a um filho, para forçá‑la a enfrentar os sessenta quilômetros desde o Rio de Janeiro até o litoral de Maricá. (…)
A casa onde Lourenço estava morando temporariamente pertencia ao pai dele, Aníbal Monte Mor, cunhado de Araci. Aníbal fora casado com a única irmã de Araci, Iara, que falecera num acidente de automóvel quinze anos atrás. Era uma casa de praia, usada para férias e fins de semana, mas que Aníbal não visitava havia tempos. A construção, graciosa, tinha dois andares, telhado de telhas vermelhas, janelas altas de peroba e era rodeada por um pequeno terreno arenoso, pontilhado por fileiras de casuarinas e coqueiros. A praia, extensa e elegante, de areias alvíssimas e banhada por um mar escuro e bravio, estendia‑se logo abaixo e estava quase vazia, apesar de ser verão. Isso porque uma cortina cinzenta recobria o céu e ventava tanto que as árvores chegavam a vergar, dando a impressão de que, a qualquer momento, se partiriam em duas. (…)
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